Dois tiros são ouvidos. Daphine
cai no chão. Julius corre até o quarto da mãe e vê seu pai segurando uma
espingarda. De imediato, Julius se debruça sobre a mãe e fica com ela até que
seus olhos fechem. Joseph pega pelo braço do filho e o levanta dizendo: “você
não viu nada! Trate de ficar calado!” Joseph põe o filho no carro e o leva até
um lago perto de casa. Ao chegar, Joseph manda que Julius fique de joelhos e o
coloca um saco plástico na cabeça. Julius se debate quase sem forças pela falta
de oxigênio. Joseph continua segurando o saco plástico para que o filho não o
tire. Julius desmaia. Joseph o pega nos braços e o leva até o lago. Se
preparando para jogar o filho desmaiado na água, Joseph se arrepende e tenta
fazê-lo voltar. Joseph põe o filho no chão e continua fazendo com que o filho
volte. Até que Julius abre os olhos e se debate, como se ainda tivesse
procurando um meio de se livrar do plástico que não estava mais em sua cabeça.
Joseph, apesar de ter se arrependido de ter feito o que fez, não esboça
qualquer sentimento após a volta do filho. Apressado para apagar as provas do
crime que tivera cometido antes, Joseph volta até sua casa, onde, com a ajuda
do filho esconde o corpo de Daphine no porão da casa junto às coisas sem
utilidades. Depois de fazerem com que as provas sumissem, Joseph coloca Julius no carro e parte para o chalé
nas montanhas que herdou da mãe. Na manhã seguinte, Joseph vai até a casa onde
morava com Daphine e a incendeia. De volta para casa, Joseph se irrita ao ver
que Julius trouxe consigo um diário e um álbum de fotos que pegou quando foram
esconder o corpo de Daphine. Joseph bate em Julius com uma corda e por fim o
tortura a ferro quente.
27 de março de 2003
Julius
está à procura de seu terno negro. Às pressas, Julius o veste e segue direto
para o Cemitério de Órion. Como de costume, sempre desce do carro ou entra em
algum lugar com seu pé esquerdo – assim ensinara anos antes sua mãe. “Nunca
entre com o pé direito ou desça de algum veículo, muito menos acorde com ele! Não
seja como os outros. Faça sua sorte.” E é com o pé esquerdo que Julius entra na
capela do cemitério para velar o vigésimo ano da morte de sua mãe. Vestido dos
pés à cabeça de preto, o belo rapaz, agora com seus 28 anos, senta-se sozinho à
primeira cadeira da esquerda da primeira fileira. Com sua face lânguida e
chorosa, o rapaz sussurra como numa conversa com a mãe: “não lhe decepcionarei
nunca! Você sempre me ensinou a ser diferente de todos e foi assim que sempre
fui após sua morte e continuarei sendo por toda a eternidade.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou? Então nos diga o que achou.