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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Escrito a Sangue





Dois tiros são ouvidos. Daphine cai no chão. Julius corre até o quarto da mãe e vê seu pai segurando uma espingarda. De imediato, Julius se debruça sobre a mãe e fica com ela até que seus olhos fechem. Joseph pega pelo braço do filho e o levanta dizendo: “você não viu nada! Trate de ficar calado!” Joseph põe o filho no carro e o leva até um lago perto de casa. Ao chegar, Joseph manda que Julius fique de joelhos e o coloca um saco plástico na cabeça. Julius se debate quase sem forças pela falta de oxigênio. Joseph continua segurando o saco plástico para que o filho não o tire. Julius desmaia. Joseph o pega nos braços e o leva até o lago. Se preparando para jogar o filho desmaiado na água, Joseph se arrepende e tenta fazê-lo voltar. Joseph põe o filho no chão e continua fazendo com que o filho volte. Até que Julius abre os olhos e se debate, como se ainda tivesse procurando um meio de se livrar do plástico que não estava mais em sua cabeça. Joseph, apesar de ter se arrependido de ter feito o que fez, não esboça qualquer sentimento após a volta do filho. Apressado para apagar as provas do crime que tivera cometido antes, Joseph volta até sua casa, onde, com a ajuda do filho esconde o corpo de Daphine no porão da casa junto às coisas sem utilidades. Depois de fazerem com que as provas sumissem, Joseph  coloca Julius no carro e parte para o chalé nas montanhas que herdou da mãe. Na manhã seguinte, Joseph vai até a casa onde morava com Daphine e a incendeia. De volta para casa, Joseph se irrita ao ver que Julius trouxe consigo um diário e um álbum de fotos que pegou quando foram esconder o corpo de Daphine. Joseph bate em Julius com uma corda e por fim o tortura a ferro quente. 
                                            27 de março de 2003
    Julius está à procura de seu terno negro. Às pressas, Julius o veste e segue direto para o Cemitério de Órion. Como de costume, sempre desce do carro ou entra em algum lugar com seu pé esquerdo – assim ensinara anos antes sua mãe. “Nunca entre com o pé direito ou desça de algum veículo, muito menos acorde com ele! Não seja como os outros. Faça sua sorte.” E é com o pé esquerdo que Julius entra na capela do cemitério para velar o vigésimo ano da morte de sua mãe. Vestido dos pés à cabeça de preto, o belo rapaz, agora com seus 28 anos, senta-se sozinho à primeira cadeira da esquerda da primeira fileira. Com sua face lânguida e chorosa, o rapaz sussurra como numa conversa com a mãe: “não lhe decepcionarei nunca! Você sempre me ensinou a ser diferente de todos e foi assim que sempre fui após sua morte e continuarei sendo por toda a eternidade.”

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